Quarta, 12 de Novembro de 2025
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Monteiro ironiza viagem de Abilio: “Obras de 10 milhões não atraem capital estrangeiro” O vereador reiterou que torce para que a viagem tenha algum resultado prático

Monteiro ironiza viagem de Abilio: “Obras de 10 milhões não atraem capital estrangeiro” O vereador reiterou que torce para que a viagem tenha algum resultado prático

23/10/2025 às 08h29
Por: Redação
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Monteiro ironiza viagem de Abilio: “Obras de 10 milhões não atraem capital estrangeiro” O vereador reiterou que torce para que a viagem tenha algum resultado prático

O vereador Daniel Monteiro (Republicanos) afirmou nesta terça-feira (21.10) que vê com ceticismo a missão internacional do prefeito de Cuiabá, Abilio Brunini (PL), que viaja para Dubai e China em busca de financiamentos para obras de infraestrutura na Capital. Segundo Monteiro, o tipo de investimento buscado pela gestão municipal dificilmente despertaria o interesse de capital estrangeiro.

Monteiro reconheceu que a globalização ampliou as oportunidades de cooperação econômica, mas ponderou que investimentos estrangeiros seguem uma lógica própria, orientada pelo retorno financeiro e pelo porte das obras. “Vivemos um cenário de integração econômica mundial, mas é preciso entender que do outro lado há um interesse econômico. Qual seria o interesse de um investidor chinês em aplicar recursos em 10 ou 12 quilômetros de asfalto, ou em um viaduto? Não considero que sejam obras de vulto suficiente para atrair o capital estrangeiro”, avaliou.

O vereador destacou que a tradição de investimentos de países como a China está concentrada em grandes empreendimentos de infraestrutura, como portos, trens de alta velocidade e obras de conexão logística de grande impacto, exemplos que se repetem na África e em outras regiões. “Essas nações buscam aplicar recursos em projetos estruturantes, com retorno bilionário e que envolvem expansão de mercados. O que temos aqui são obras de porte municipal, de 10 a 15 milhões de reais, que normalmente são realizadas com capital nacional”, afirmou.

Monteiro também citou a taxa de juros brasileira, hoje em torno de 15%, como um dos principais entraves para atrair investidores de fora. “Não vejo lógica em alguém vir do Oriente Médio, da Ásia ou de qualquer outra região do mundo para investir em Cuiabá num projeto que rende pouco e enfrenta juros tão altos. A rentabilidade precisaria ser muito superior para justificar esse deslocamento e a criação de estruturas empresariais aqui”, disse.

Apesar da crítica, o parlamentar afirmou torcer para que a viagem traga resultados positivos, especialmente em outras áreas econômicas, como a piscicultura. Segundo ele, a justificativa apresentada pelo vereador Eduardo Magalhães (Republicanos), de buscar ampliar a exportação de peixes de couro de Mato Grosso, seria uma das poucas que poderiam gerar ganhos reais à economia local. “Se a missão incluir negociações nessa área, pode haver resultados concretos, já que hoje esses produtos são comprados de Mato Grosso do Sul, e não de Mato Grosso. Isso, sim, seria interessante para a nossa economia”, completou.

Ao ser questionado sobre os países-alvo da viagem e o interesse deles em investir no Estado, Monteiro reforçou que o Brasil, embora faça parte do grupo BRICS — ao lado de Rússia, Índia, China e África do Sul —, ainda enfrenta barreiras para atrair aportes em projetos pequenos. “Essas economias têm tradição de exportar não apenas bens, mas também serviços, como obras e tecnologia. Mas é preciso que isso gere uma rentabilidade superior ao que eles teriam em seus próprios países. Não é o caso de um viaduto municipal”, explicou.

O vereador afirmou ainda que seria mais coerente buscar o envolvimento de empresas nacionais com capacidade técnica e financeira já comprovada, em vez de apostar na atração de capitais distantes. “Se há empresas aqui no país que podem realizar essas obras, por que trazer uma de fora? É preciso ter clareza sobre o que se quer e apresentar projetos sólidos e bem delineados, não apenas ideias”, pontuou.

Monteiro também ironizou o trecho da fala do prefeito Abilio Brunini sobre a busca de tecnologias internacionais para amenizar o calor em Cuiabá. “Ontem ele disse que pretende buscar alternativas para as altas temperaturas no perímetro urbano. Existe uma tecnologia muito boa para isso, chamada árvore. Não sei se é preciso ir até lá para descobrir isso”, provocou.

Sobre a composição da comitiva que acompanhará o prefeito, o vereador afirmou que não foi convidado e que, mesmo que fosse, não aceitaria participar. “Não fui convidado, mas, se fosse, também não iria. Não tenho um projeto pronto e não seria em dez dias que conseguiria criar um. Não vejo sentido em ir a uma viagem dessas sem uma proposta concreta”, declarou.

Monteiro afirmou não saber quais critérios orientaram a escolha dos parlamentares e comentou que soube apenas de forma informal que o critério para a escolha poderia estar relacionado à fluência em inglês. “Chegaram a dizer que eu teria sido lembrado por falar inglês, mas nunca houve convite oficial. Então considero que não fui convidado”, disse.

Por fim, o vereador reiterou que torce para que a viagem tenha algum resultado prático, mas reforçou o ceticismo quanto ao retorno para Cuiabá. “Se trouxer algum benefício, será mais voltado à piscicultura do que à infraestrutura. Obras estruturantes, como uma BR-163 ou um porto, aí, sim, justificariam um aporte internacional. Fora isso, continuo acreditando que é uma viagem com poucas chances de gerar frutos concretos”, concluiu.

Em entrevistas recentes, o prefeito Abilio Brunini afirmou que pretende buscar apoio internacional para obras de mobilidade, incluindo a construção de seis viadutos e a pavimentação de bairros da Capital. A comitiva deve contar com os vereadores Eduardo Magalhães (Republicanos) e Demilson Nogueira (PP).


 

 
 
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