Um professor da rede municipal de ensino de Cuiabá, identificado como R.V.A., de 42 anos, registrou boletim de ocorrência nesta terça-feira (21.10), alegando que desde março de 2024, sofre descontos mensais em sua folha de pagamento sem autorização e sem repasse às instituições financeiras.
Segundo o registro policial, os descontos variam entre R$ 1,24 e R$ 844,53 e são destinados a bancos e associações como Santander, Credicesta e Aspe (Associação de Servidores Públicos), além de outros débitos não identificados. O professor afirma que nunca autorizou tais descontos e que, ao procurar esclarecimentos, foi informado que a Prefeitura de Cuiabá não tem feito o repasse dos valores retidos em folha para as empresas consignatárias.
“A Prefeitura desconta em folha, mas não repassa aos bancos credores, gerando transtornos e risco de bloquearem minha conta bancária. Tenho que parar minha vida pra resolver isso, como se eu fosse o culpado”, relatou o professor .
Ele também informou que, ao tentar usar o benefício da Aspe em uma oficina mecânica na Avenida das Torres, descobriu que estava inadimplente. “Meu cartão foi bloqueado porque a Prefeitura não pagou. Descontou e não pagou. Só quero saber onde está o dinheiro”, questionou.
A esposa do professor contou que ele está em tratamento psiquiátrico, diagnosticado com TDAH, e enfrenta grande desgaste emocional devido à situação.
“Ele está sendo humilhado como se fosse um bandido”, afirmou.
Dívida herdada e regularização parcial
Em nota, a Prefeitura de Cuiabá informou que identificou, em janeiro deste ano, que nos quatro meses finais de 2024 a administração anterior realizou descontos dos consignados, mas não repassou os valores às instituições financeiras, acumulando uma dívida de R$ 52 milhões com bancos e cooperativas de crédito.
Segundo a gestão atual, um projeto de lei aprovado pela Câmara Municipal de Cuiabá no dia (21.10) autoriza o Executivo Municipal a negociar o débito em até 12 meses, com possibilidade de prorrogação por igual período. O texto seguirá para sanção.
A Prefeitura destacou que desde o início da atual gestão os repasses vêm sendo realizados regularmente e que novas regras para empréstimos consignados foram publicadas na Gazeta Municipal em (29.07), limitando a margem consignável a 35% do rendimento líquido e proibindo o uso de cartão de crédito consignado, prática que antes levava ao superendividamento dos servidores.
